SINDICATOS DEMASIADO FORTES? Este mes Jean Paul, operario da indus- tria do vestuario em Toulouse (Franca), perdeu o emprego de 400 do'lares se- manais e ingressou no rol dos bene- ficiarios do subs@dio de desemprego. Em Ho Chi Minh (antiga Saigao), no Vietnam, Hoa, operario da industria do vestuario, acaba de ser contratado a 30 do'lares por semana por uma empresa francesa (ioint- venture). Embora a milhares de quilo'metros de distancia, a vida destes dois trabalhado- res acha-se interligada. E um exemplo ci- tado na introducao do ultimo Relato'rio do Desenvolvimento Mundial, documento fun- damental da politica do Banco Mundial. Nas 251 paginas de "Trabalhadores num Mundo em Integracao" apela-se a uma po- litica de "flexibilizacao do mercado de tra- balho", de reducao da proteccao laboral, de privatizac8es e de mercado livre. Este documento foi publicado quatro meses depois da O.l.T. ter chamado a atencao para aquilo que designava @o uma "crise global de desemprego". Cer- ca de 30% da forca de trabalho global - 2.500.000 de pessoas - estao actualmen- te desempregadas ou subempregadas. Muitos pa@ses europeus tem taxas de desemprego superiores a 10%. Niveis mais elevados afligem a Africa, a Ame'rica Lati- na, o sul da Asia e o Pro'ximo Oriente. O re- sultado disto e' a crescente agitacao naqui- lo que o Banco Mundial rotulou de"tem- pos revolucionarios na economia globar'. O Banco Mundial nega que a responsa- bilidade pela queda dos salarios e pela precarizacao do emprego no mundo in- dustrializado resulte de maior mobilida- de do capital e do crescimento da mao negocia de obra barata nos paises pobres. Segundo Michael Walton, presidente da comissao que elaborou o Relato'rio do Desenvolvimento Mundial, "e' em grande parte infundado o receio de que as eco- nomias emergentes esteJam a asplrar empregos dos paises industrializados". Pelo contrario, o Relato'rio insiste em que os problemas do desemprego se devem mais a "alteraco~es tecnolo'gicas"- combi- nadas- a r@gidos sistemas salariais e de seguranca social - do que a concorren- cia da mao de obra barata nas econo- mias emergentes. Em linguagem cha is- to significa que o Banco Mundial entende que estamos a ganhar demasiado quan- do trabalhamos, bem como quando esta- mos invalidos ou reformados. Bastava que aprendessemos a viver com menos (mui- to menos), e todos estariamos melhor. Mas o Banco Mundial diz que as politi- cas que favorecem sindicatos fortes, de industria (politicas com que nao esta- mos familiarizados), transformam os sin- dicatos em organizaco~es "monopolistas, melhorando os salarios e as condico~es de trabalho a expensas dos capitalistas, dos consumidores e dos trabalhadores nao sindicalizados". Para reduzir o poder dos sindicatos - referidos como "uma pe- quena mas faladora minoria" - o Banco recomenda que so' Ihes seja permitido negociar acordos locais. ( do Industrial Worker, Agosto de 1995) A BATALHA Julho-Agosto 1995